Região Riacho: das ruas com nomes de...

Em celebração ao aniversário de Contagem, a Prefeitura está lançando uma série de matérias especiais, publicadas em duas edições por semana, no site oficial e nas redes sociais. A ideia é mostrar a história, desenvolvimento, cultura e os diversos espaços de convivência e lazer do município, destacando o que cada uma das oito regiões da cidade oferece. Além de apresentar os locais mais importantes e interessantes de cada região, as matérias também vão destacar histórias pessoais e marcantes de moradores, buscando fortalecer o sentimento de pertencimento e valorizar a identidade contagense. Desta vez, vamos embarcar em uma viagem pela região Riacho e conhecer um pouco mais da região que é a casa do Mercado Central de Contagem e do vôlei campeão.

É impressionante pensar que da imensidão de um terreno agrícola nasceu uma das regiões mais vibrantes de Contagem. O passado rural do Riacho não permitiria imaginar que os anos transformariam a região em um polo gastronômico, cultural e esportivo do município, misturando cores, sabores e saberes entre os bairros, formados por ruas com nomes de rios. Em celebração ao aniversário de 114 anos de Contagem, a Prefeitura faz um passeio pela história do Riacho, lembrando da construção do Mercado Central e das obras de revitalização de espaços públicos, sem esquecer da relação com a comunidade cigana e a parceria com o time multicampeão do Sada Cruzeiro Vôlei.

O início da região Riacho

As origens da região Riacho datam do ano de 1854, quando a fazenda Riacho das Pedras era apenas mais um espaço fértil localizado às margens do Sítio das Abóboras, onde futuramente seria fundada a cidade de Contagem. A partir de meados do século XX, a região passou por um processo de urbanização, quando os operários da Cidade Industrial firmaram residência no local, transformando a paisagem, outrora rural, em ruas e avenidas urbanas. A composição dos bairros da região, da forma como é hoje, provém da divisão de parte da fazenda do Riacho das Pedras, que aconteceu no ano de 1966.

Da praça dos Ciganos ao Mercado Central

Em 1952, o bairro Inconfidentes hospedou um grupo de ciganos recém-chegado à Contagem. A Comunidade Cigana Rom, ocupou os arredores da praça Marília de Dirceu, espaço ainda pouco habitado na região. A presença dos novos habitantes popularizou o local que ficou conhecido como Praça dos Ciganos. Com o passar dos anos, outros imigrantes de diversas etnias ciganas chegaram à cidade e ajudaram a fomentar a economia local, além de povoar bairros como o Inconfidentes, Flamengo e Novo Riacho. Em junho de 2025, a Prefeitura entregou o inventário de proteção do Patrimônio Histórico do Município ao Povo Cigano da Etnia Rom, em um movimento de reconhecimento da importância da comunidade para a cultura de Contagem.

Da tradicional tenda às moradias em bairros como Inconfidentes, Flamengo e Novo Riacho, a comunidade cigana contribuiu com o desenvolvimento da região e hoje é considerada patrimônio da cidade
Fotos: Lucas Figueiredo/Jornal (1 e 2) e João Pio/PMC (3)

Além da história cigana, a riqueza cultural da região também pode ser constatada por meio de diversas celebrações como a Folia de Reis Estrela do Oriente, um grupo tradicional cristão; do Grupo Afro do Riacho, que reúne artistas e importantes líderes culturais; e do terreiro umbandista, o Além dos Orixás.

Não muito longe da praça da Marília de Dirceu, ainda no bairro Inconfidentes, o Mercado Central de Contagem se apresenta não apenas como um centro de compras, mas um espaço cultural onde a tradição e a modernidade se juntam para proporcionar uma experiência única para turistas e moradores que visitam o espaço. A mistura de sabores, cores e texturas é um prato cheio para quem busca apreciar a boa culinária mineira, conhecer um pouco mais do artesanato local ou aproveitar um dos vários eventos culturais que o mercado recebe.

O Mercado Central de Contagem além de centro de compras, também é espaço de encontros, manifestações da cultura popular e eventos, como a Feira Mercado Afro - Fotos: Janine Moraes/PMC (1) e Newton de Castro Resende/PMC (2 e 3)

O comerciante Amilton José é proprietário de uma loja no mercado há mais de três décadas. A lembrança de quem está no local desde o início é cheia de recordações dos colegas que por lá passaram, das lojas que abriram e fecharam e das transformações que o tempo foi capaz de fazer.

Foto: Victor Venâncio/PMC

“Eu estou aqui há 36 anos, desde o início, em 1989. Eu já vi muita gente passar por aqui,
alguns saíram e outros voltaram. Outros começaram com uma atividade, experimentou,
mas mudou para outro tipo de comércio. Esse é um local turístico e frequentado por toda
a cidade de Contagem. É muito bom estar aqui.”
Amilton José, comerciante do Mercado Central de Contagem

Além do Mercado Central, a economia do Riacho é fomentada especialmente pelo comércio, com destaque para a rua Rio Mantiqueira, no Novo Riacho que, ao longo de pouco mais de um quilômetro, conta com diversos estabelecimentos como bancos, posto de gasolina e muitas outras lojas de roupas e móveis. O Distrito Industrial Dr. Hélio Pentagna Guimarães também é um importante polo econômico da região, hospedando uma diversidade de pequenas e médias empresas.

Região do esporte e a casa dos campeões do vôlei

Se por um lado a região Riacho carrega consigo os temperos e sabores que só podem ser achados no Mercado Central de Contagem, por outro o espaço vivencia a sensação única que só o esporte consegue transmitir. A região é um importante reduto do futebol contagense e é a casa de dois grandes ginásios poliesportivos na cidade, o Califórnia e o Riacho, espaços que já receberam competições de diversas modalidades.

Fundado no final da década de 70, o Riachinho Esporte Clube foi precursor de um movimento que agregou diversos outros times de futebol da região como o Santa Cruz, o Rio Grandense, o Frigodiniz, o Colorado e o Internacional. Jorge de Souza foi um dos dirigentes do Riachinho e lembrou com carinho dos grandes momentos do time, ressaltando a relevância do movimento para a união dos moradores do Riacho. “Eu acredito que conseguimos unir ainda mais os moradores aqui da região e as equipes de futebol, principalmente com os títulos que o Riachinho conquistou no torneio da Divisão Especial de Contagem”.

O time do Riachinho treinava e disputava campeonatos no campo localizado onde, hoje, está o Mercado Central de Contagem, atualmente um dos espaços utilizado para as competições é o campo Santa Cruz, na av. Rio Comprido
Fotos: arquivo Riachinho (1 e 2) e Victor Venâncio/PMC (3)

Reformado recentemente pela Prefeitura de Contagem, o Ginásio Califórnia passou por diversas intervenções que proporcionaram mais conforto e segurança para atletas e público. Banheiros e vestiários foram renovados, o sistema de iluminação foi modernizado e o piso das áreas de circulação também foi trocado. As mudanças credenciaram o local a receber diversas modalidades esportivas, incluindo o Campeonato Brasileiro de Hockey. Atualmente, o Califórnia é o único espaço no Brasil com a estrutura necessária para receber as disputas de hockey inline, o que consolida Contagem como o grande polo da modalidade no país.

Totalmente reformado, o Ginásio Califórnia, além de ser um espaço de lazer, prática e torneios esportivos, se tornou o berço do hockey inline no país - Fotos: Adelcio Ramos/PMC (1 e 2) e Fábio Silva/PMC (3)

Cenário de grandes eventos esportivos nacionais e internacionais, o Ginásio Poliesportivo do Riacho também é um símbolo do incentivo ao esporte contagense. O espaço já recebeu competições de judô, basquete, handebol e MMA, além do Campeonato Brasileiro de Ginástica de Trampolim, evento que reuniu atletas de vários estados brasileiros. Apesar de ser um centro que agrega diversas modalidades, o espaço é mais especial para os amantes do voleibol. Isso porque o ginásio é a casa do maior time de vôlei do Brasil e um dos maiores do mundo, o Sada Cruzeiro. O “Riachão”, como é conhecido pela torcida celeste, há algumas temporadas recebe o mando de campo das partidas disputadas pelo Sada na Superliga Brasileira de Vôlei.

Reconhecido como a "casa do voleibol" de Contagem, o Riachão recebe oficinas esportivas e é palco das grandes disputas do Sada Cruzeiro levando a torcida celeste à loucura
Fotos: Elias Ramos/PMC (1 e 2) e Agência i7/Sada Cruzeiro (3)

Se o sabor da vitória é doce para os torcedores, ele é inesquecível para os atletas. Há quase 15 anos frequentando o “Riachão”, o atual técnico do Sada Cruzeiro, Filipe Ferraz, lembrou que a primeira vez em que ele entrou no ginásio foi como jogador, em dezembro de 2010, na vitória do time sobre o São Caetano. Para ele, a energia do ginásio naquela estreia foi tão marcante quanto a vitória. “Eu tinha chegado ao time no início daquela temporada e esse foi o segundo jogo do Sada Cruzeiro em Contagem, mas o meu primeiro no Riachão. A energia do ginásio já era incrível, mas naquele início a gente nem imaginava que construiria uma história tão bonita ali, com tantas conquistas e títulos.”

A história de Contagem e do “Riachão” com o Sada Cruzeiro é recheada de incontáveis memórias. São 15 anos de muitas alegrias, de decisões importantes, de títulos conquistados e até de momentos difíceis que fizeram o time crescer.

Foto: Agência i7/Sada Cruzeiro

“Contagem e o ginásio do Riachão têm um significado enorme para a gente.
É o nosso símbolo de jogar em casa. Sempre foi difícil ganhar do Sada Cruzeiro ali,
e esse espaço sempre transmitiu toda a energia e força que representam o time.
É um ginásio que carrega memórias de grandes vitórias, de torcedores vibrando do início ao fim,
de crianças que vieram assistir um jogo pela primeira vez e depois se tornaram fãs do time.
É um lugar onde a gente sempre se sentiu abraçado e motivado. Então, só tenho a
agradecer por tudo que vivi ali e pelo apoio incondicional da torcida de Contagem,
que sempre foi parte fundamental dessa história.”
Felipe Ferraz, técnico do Sada Cruzeiro

A região ainda conta com a Sociedade Hípica de Minas Gerais que, além de receber festivais, festas e eventos diversos, oferece várias modalidades, como natação, peteca e sinuca, além do próprio hipismo.

Hoje, Sociedade Hípica de Minas Gerais, o local começou a ser construído na década de 1960 para a prática do hipismo - Fotos: print portal da Revista Viva Grande BH

Desenvolvimento e modernização das ruas que são rios

Dizer que “esse rio é minha rua” é muito mais que uma metáfora, é o comprovante de residência para aqueles que vivem nos bairros Riacho das Pedras e Novo Riacho . Isso porque as ruas da região são conhecidas por nomes de rios como Rio Nilo, Rio Comprido, Rio Verde e Rio São Francisco, onde há quase 50 anos mora a dona Marlene Mourão Queiroz. As lembranças de um tempo em que o asfalto era terra e a falta de iluminação pública permitia apenas que a lua iluminasse as ruas e avenidas do local ficaram no passado. Dona Marlene viu a região crescer e se desenvolver ao longo de cinco décadas e, entre pontos positivos e negativos, ela diz que não troca o Riacho por outro lugar.

“Hoje as coisas mudaram. Antes era tudo de terra, quando chovia a enxurrada só faltava levar tudo e não tinha ônibus. Agora tem ônibus, posto médico, que é muito bom, escolas e a rua Mantiqueira, que é um símbolo da nossa região e tem de tudo”, destacou dona Marlene, que apesar de reconhecer a modernização do Riacho, sente falta de um tempo mais tranquilo. “Pra mim a única questão é o barulho, tá muito movimentado, mas eu não saio daqui de jeito nenhum”.

Até a década de 1980, pontes de madeira sobre o córrego Ferrugem faziam a ligação entre os bairros. Canalizado, o córrego deu origem à av. Francisco Firmo de Matos, uma das mais importantes vias da região
Fotos: (1) Passarela para pedestres sobre afluente do córrego Ferrugem - Facebook Fotos Antigas de Contagem e (2 e 3) cruzamento da rua Rio Colorado com av. Francisco Firmo de Matos, no Novo Riacho - Facebook Fotos Antigas de Contagem

A modernização é uma realidade que favorece o desenvolvimento econômico e social da região. Desde 2021, a Prefeitura de Contagem investe constantemente na infraestrutura do local e já entregou diversas obras como a Bacia Rio Volga (construída em parceria com o governo do Estado e está evitando transtornos gerados pelas enchentes), a construção da Cemei Riacho das Pedras, a abertura do canteiro central para saída de veículos na avenida Cristal e a ampliação do sistema de drenagem e captação pluvial da rua Antônio Isidoro Moreira, além da implementação de três etapas do Programa “Asfalto Novo”, que contemplou mais de 30 vias, entre ruas e avenidas. Na área da saúde, a Prefeitura entregou uma nova unidade básica de saúde, a UBS Inconfidentes, e reformou outras três, Riacho, Novo Riacho e Monte Castelo, além de melhorar e ampliar o atendimento em todas elas.

Obras estruturantes têm beneficiado os moradores da região nas áreas da educação, saúde, mobilidade, além de drenagem, que evitam transtornos na época de chuvas
Fotos: Ronnie Von/PMC (1) e Adelcio Ramos/PMC (2 e 3)

Para garantir a prática segura de esportes ao ar livre na região, a Prefeitura implantou a pista de caminhada e, recentemente, a de ciclismo ao longo da avenida Francisco Firmo de Mattos, além de unidades de academias públicas. Os espaços de convivência também receberam especial atenção. Ao todo, seis praças foram revitalizadas e outras sete estão em processo de revitalização. O Parque Cataguás (antigo Fernão Dias) foi reaberto e já recebeu diversos eventos como o Contagem Geek, o Circuito Mano Down, a Gincana Riacho Verde, evento esportivo Kmon Ride, entre outros.

A revitalização e cuidado com as praças e com o Parque Cataguás (Fernão Dias) propiciaram espaços de convivência, lazer e prática de esportes na região
Fotos: Luci Sallum/PMC (1), Janine Moraes/PMC (2) e Newton de Castro Resende/PMC (3)